Amizades de Araque


Amizade de verdade não pesa, não suga, não exige máscaras—ela flui, soma e permanece, mesmo quando o cenário muda.

Amizade, pra mim, não é sobre empurrar alguém pro buraco e chamar de liberdade. Não é sobre convencer a fazer o que não faz bem, só porque precisa de companhia no erro. Amigo de verdade segura sua mão quando o caminho é incerto – não te joga na fogueira pra se aquecer do próprio vazio.

E aqueles que te chamam de irmão na frente e te reduzem a uma história distorcida pelas costas? Esses são os mais perigosos. Sorriem, ouvem, concordam. Depois, usam cada palavra sua como moeda de troca em conversas onde você não foi convidado. Amizade não é sobre aplausos na sua frente e julgamentos onde você não pode se defender.

Tem também os que chegam com discurso de parceria, mas o que querem mesmo é se alimentar do que você tem. Não importa se é tempo, energia ou confiança – eles levam. E levam sorrindo. O problema dos sanguessugas é que, quando você percebe, já está drenado.

E os “amigos” que torcem por você, mas não pelas suas escolhas? Aqueles que gostam de você enquanto está sozinho, mas fazem cara feia pro seu relacionamento, pro seu trabalho, pro que te faz feliz? Eles te querem bem, mas não tão bem a ponto de não precisar mais deles. São amigos do “estou aqui pra você” – desde que o “você” atenda às expectativas deles.

E se alertar alguém sobre isso me faz manipuladora, que assim seja. Prefiro ser julgada por enxergar do que fingir que não vejo. No fim, ninguém perde por querer e fazer o bem. Mas muita gente se perde por não saber diferenciar amigo de figurante.

Moral da história? Amizade não é sobre presença constante, mas sobre constância na presença. Quem é de verdade permanece, sem precisar sugar, esconder ou manipular. O resto, com o tempo, se revela e se desfaz sozinho.

E você? Tem ao seu lado quem soma ou quem só sabe dividir?

Publicado por Bruna Monma

Escritora e criadora de projetos autorais. Escrevo crônicas, reflexões e narrativas sobre identidade, tempo e o que não cabe em legendas. Acredito na palavra como forma de presença.

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