
Eu sempre gostei de chá. Desde bebê, minha mãe conta que eu virava mamadeiras enormes sem reclamar, como quem já sabia que aquilo fazia bem. Cresci trocando café por chá na adolescência — não porque era mais saudável, mas porque era mais meu. No Outback, nem preciso olhar o cardápio: se tiver chá gelado, já me ganhou. Aliás, em qualquer restaurante. Chá é minha escolha número um antes mesmo de pensar em sobremesa.
Mas essa semana foi diferente. Essa semana, acho que eu transcendi o chá. Passei de quem toma, pra quem aprecia. Fiz um chá de camomila e o cheiro me parou. Parou pensamento, parou ansiedade, parou o tempo. Sentei, segurei a xícara quente com as duas mãos e, sem perceber, entrei em estado meditativo. Só eu, o vapor subindo, e o cheiro me abraçando.
Foram minutos de prazer quase sagrado. Me aqueci, me nutri e me acalmei — tudo isso sem precisar falar nada. E aí entendi: o chá não é só uma bebida. É um ritual. Um afago. Um silêncio gostoso entre uma coisa e outra. Uma forma de dizer pra mim mesma: “você merece esse cuidado”.
E não sou só eu que penso assim. Na cultura japonesa, a cerimônia do chá (chanoyu) é considerada uma arte meditativa, quase espiritual — uma coreografia de atenção plena. Já os britânicos, mestres na pausa para o “tea time”, juram que tudo melhora depois de uma boa xícara de chá. E, segundo a ciência, eles podem estar certos: estudos mostram que o ato de preparar e saborear o chá pode reduzir o cortisol, ativar estados de relaxamento e até induzir leve liberação de dopamina — aquele prazer manso que a gente não sabe explicar, mas sente no corpo.
E, olha… eu senti mesmo.
– b. monma