Gente sem óleo e a pressa de quem acorda tarde demais

(ou por que vale a pena manter a alma acesa mesmo quando tudo parece parado)

Tem coisas que a gente só percebe quando já não dá mais tempo.

Essa parábola das dez virgens sempre me deu um incômodo estranho.

Porque não é sobre pecado.

Não é sobre quem era “boa” ou “má”.

É sobre quem estava pronta.

E quem não estava.

Todas estavam esperando o noivo.

Todas tinham lamparinas.

Mas só metade tinha levado óleo extra.

O noivo demorou.

E todas cochilaram.

Mas quando ele chegou… só as prevenidas entraram.

As outras?

Foram comprar óleo.

Voltaram tarde demais.

E a porta se fechou.

E eu fico pensando quantas vezes a gente vive assim.

Com a fé no automático.

Com o coração meio aceso, meio adormecido.

Achando que sempre vai dar tempo depois.

Depois eu oro.

Depois eu mudo.

Depois eu saio desse relacionamento que seca minha alma.

Depois eu falo com Deus.

Depois eu peço perdão.

Depois eu volto pra mim.

Mas o depois tem hora marcada.

E não avisa quando chega.

Óleo, nessa história, é tudo aquilo que não dá pra pegar emprestado.

É o que você cultiva em silêncio.

Intimidade com Deus.

Consciência.

Sabedoria emocional.

Raiz.

Tem coisa que ninguém pode te dar.

Nem dividir.

Ou você tem…

ou você não entra.

E eu sei que é difícil vigiar quando tudo parece adiado.

Quando o noivo atrasa.

Quando o milagre não vem.

Quando o tempo parece parado.

Mas manter a lamparina acesa mesmo na espera… é isso que separa quem entra de quem fica do lado de fora.

✝️ Oremos:

Senhor, me ensina a cultivar meu óleo mesmo quando o céu parece mudo.

Que eu não viva de lampejos.

Que minha fé não dependa do relógio.

Que meu coração esteja desperto, mesmo quando meus olhos cansarem.

Me lembra todos os dias: o noivo vem.

E eu quero estar pronta.

Amém.

Publicado por Bruna Monma

Escritora e criadora de projetos autorais. Escrevo crônicas, reflexões e narrativas sobre identidade, tempo e o que não cabe em legendas. Acredito na palavra como forma de presença.

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