Geração alfa, posso contar um segredo?
Ninguém tá esperando que vocês saibam quem são aos doze. Aos doze, a gente devia estar testando a vida, não tentando convencer o mundo de que já nasceu pronta.
Mas eu vejo vocês — apressados. Tentando descobrir qual cena combina com o olhar alheio, quais gostos são mais curtíveis, qual roupa vai fazer os outros te acharem interessante. E confesso que me corta um pouco por dentro. Porque tem beleza demais em não saber ainda. Em ser esquisita, indecisa, em mudar de opinião toda semana. Em não dar conta. Em não saber o que responder quando te perguntam “o que você gosta?” — porque a resposta ainda tá em construção.
Minha irmã veio passar uns dias comigo e, mesmo nas pequenas coisas, eu percebi o quanto tudo já é sobre pertencer. Ela ainda é uma criança, mas já carrega nos ombros o medo de não ser escolhida, de não parecer legal, de não se encaixar no padrão de beleza, na trend certa, no grupo certo. Como se já fosse adulta. Como se já tivesse que dar conta de tudo sozinha.
Mas não tem pressa, meu amor. Você não precisa parecer nada. Não precisa se vestir como ninguém, falar como ninguém, performar simpatia ou personalidade. Você pode só ser. Mesmo que ninguém entenda.
A verdade é que ninguém tem tudo resolvido. Nem eu, que escrevo isso aqui. Eu também ainda tenho medo de não ser suficiente, de ser esquisita demais ou sensível demais. Mas tô aprendendo que não vale a pena gastar a vida tentando caber em um molde — porque a gente foi feita pra transbordar.
Então se você quiser usar um tênis diferente, use. Se quiser ouvir a mesma música dez vezes e depois nunca mais, tudo bem. Se quiser mudar de opinião, mude. E se quiser chorar no meio da aula de ciências, pode chorar também.
Porque ser você é mais importante do que parecer interessante.
Com amor e verdade,
– b. monma