Às vezes me pergunto quem eu seria se tirasse tudo.
Se deixasse de lado o medo, a vaidade, a mania de agradar, o trauma disfarçado de sarcasmo.
Se largasse as poses que inventei pra caber melhor no mundo.
Quem restaria?
Quero acreditar que seria o que Jung chama de Self — meu espírito na forma mais genuína.
Aquela parte que não é ferida, nem expectativa, nem história repetida.
Só essência. Só verdade.
Mas alcançar isso dá trabalho.
Exige que eu me encare no espelho sem maquiagem emocional, sem filtros que embelezam a alma.
É ter coragem de dizer: “isso aqui sou eu, com todas as rachaduras, e ainda assim inteira.”
E olha, não sei se algum dia vou chegar nesse estado puro.
Talvez a vida toda seja só um lento processo de ir descascando camada por camada, até um dia topar de frente com o que sempre esteve lá.
Mas o pouco que já senti desse encontro vale mais do que qualquer aplauso.
Porque é uma paz que não depende do que pensam, do que dizem ou do que esperam.
É uma paz que brota do simples fato de existir — assim, imperfeita, mas inteira.
– b. monma