Abro o Pinterest, o Instagram, o TikTok. Vejo referências, inspirações, tendências. Mas quando fecho tudo e vou até o espelho… será que ainda sei o que eu gosto?
Às vezes, me visto mais com o que eu salvei do que com o que eu sou. O feed virou vitrine, o algoritmo virou stylist. E o espelho? Virou lugar de dúvida.
Já me peguei escolhendo roupa pensando em como ela ficaria em foto — e não em como ela me fazia sentir. Já comprei look “perfeito” porque vi em alguém, mas em mim, ficou forçado. Engraçado como a roupa pode vestir o corpo… mas não encaixar na alma.
Será que ainda sei escolher o que eu gosto — ou só repito o que o algoritmo acha que combina comigo?
Referência ou prisão?
Segundo a pesquisadora de moda digital Anja Aronowsky Cronberg, estamos vivendo uma era de “estética algorítmica”, em que o estilo é moldado por padrões visuais repetitivos, reforçados por redes sociais. E isso afeta a nossa autonomia criativa, inclusive na hora de se vestir.
Hoje, a tendência não é mais ditada por grandes marcas — mas por “for you pages”. E o risco é esse: nos tornarmos cópias de cópias de nós mesmas.
A liberdade de expressão virou o novo uniforme — todo mundo diferente, mas igual.
Vestir-se é lembrar quem você é
Tem dias que eu tô despojada. Outros, sofisticada. Às vezes, os dois. E tem uma calça jeans — cintura baixa, larga, firme — que me acompanha em todas essas versões.
Ela não é tendência. É identidade. Me permite brincar com possibilidades sem me desconectar da essência.
Porque vestir-se, pra mim, é isso: ser leal a quem você é — mesmo quando o mundo tenta te vestir com outra narrativa.
Escolher o básico como ato de liberdade
O estilo mora nas peças que você usa mesmo quando não tem ninguém olhando. Na roupa que te veste nos dias difíceis. No básico que você repete com prazer.
Hoje, gosto de moda. Gosto de referências. Mas gosto mais ainda da minha paz. E se pra ter isso eu precisar me afastar um pouco da tela e me aproximar mais do espelho — que assim seja.
Não quero só me vestir bem. Quero me vestir de mim.
O que dizem os estudos sobre isso
- Anja Aronowsky Cronberg, editora da Vestoj, alerta sobre o impacto da repetição estética nas redes, que dilui a autenticidade individual.
- Estudos de comportamento em moda digital mostram que o excesso de exposição a conteúdos visuais interfere na autonomia de estilo, gerando confusão entre desejo real e influência externa.
- Psicólogos da moda afirmam que a roupa que mais nos representa emocionalmente tende a resistir às tendências e ao tempo.
Estilo é saber silenciar o algoritmo e ouvir o que seu corpo — e sua alma — querem dizer.
– b. monma
✦ Fim do módulo: Moda, identidade e consumo.
No próximo módulo: “Infância, herança e o agora”.