Deixa que eu carrego essa cruz

A vida toda me disseram que eu não podia. “Você não consegue”, “Isso não é pra você”, “Melhor deixar pra quem sabe”. E eu, boba, fui acreditando. Afinal, se tanta gente diz, deve ser verdade, né? Talvez eu tenha vindo com defeito de fábrica, talvez meu único talento seja pedir desculpa por existir.

E foi assim até que comecei a jogar beach tennis.

Ah, o beach tennis. O esporte que, aparentemente, não era para mim. Pelo menos foi isso que disseram. “Você não tem talento pra esportes”, “Vai brincar de outra coisa”, “Sei não, Bruna, acho que não é sua praia” – irônico, já que praia sempre foi minha coisa.

Por um tempo, fui deixando esses comentários me definirem. Até que um dia me olhei no espelho e pensei: será que é mesmo? Ou será que eu só aceitei essa história porque era mais fácil do que provar o contrário?

Então, ao invés de desistir, eu treinei. Treinei até sentir o braço doer, até tomar bolada na cara e seguir com dignidade, até perceber que eu estava, sim, melhorando. E, de repente, eu sabia jogar beach tennis.

E foi aí que me caiu uma ficha gigante, uma ficha do tamanho de uma quadra de areia: se eu melhorei no beach tennis, no que mais estavam mentindo pra mim?

A resposta? Em praticamente tudo.

Foi a partir desse momento que eu comecei a sair de todas as caixas onde me colocaram e eu não concordava.

“Você não pod…”, posso sim.

“Você não dá conta d…”, dou sim.

“Isso não é pra voc..”, tá bom, senta e assiste.

Porque se tem uma coisa que eu aprendi, é que ninguém realmente sabe o que é ou não pra gente. As pessoas falam com base nas próprias inseguranças, nos próprios medos e, às vezes, só porque adoram se meter. Mas eu decidi que não sou mais figurante da opinião alheia.

Então, se alguém quiser me encaixar em mais uma caixinha, já aviso: estou claustrofóbica para as expectativas dos outros.

E se ainda duvidarem, tudo bem. Eu até gosto. Melhor motivação do que essa, impossível.

Publicado por Bruna Monma

Escritora e criadora de projetos autorais. Escrevo crônicas, reflexões e narrativas sobre identidade, tempo e o que não cabe em legendas. Acredito na palavra como forma de presença.

6 comentários em “Deixa que eu carrego essa cruz

  1. Bruna, adorei o seu texto! Ele é forte, envolvente e profundamente inspirador. Você conseguiu transformar um relato pessoal em uma reflexão universal de forma impecável. Adoro temas como autoconfiança e superação, e você os abordou de um poder poderoso!

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