Há dias em que minha alma pede fogo: intensidade, paixão, aquele arrebatamento que consome. Outros dias, ela pede o mar: vastidão, paz, o silêncio que abraça. E eu, como sempre, fico no entre.
A fé cristã me sussurra que o “entre” é um lugar de travessia. Como o povo no deserto, entre a escravidão e a terra prometida, eu também caminho. O fogo é provação e purificação, o mar é descanso e promessa. No meio, não é nem prisão nem chegada — é aprendizado, é identidade sendo moldada pelas mãos de Deus.
A ciência me conta outra versão da mesma história. Diz que meu cérebro busca, ao mesmo tempo, novidade e estabilidade. Dopamina e serotonina dançam em compassos diferentes. O fogo é a adrenalina do novo. O mar é a serenidade da permanência. Viver no “entre” é viver a biologia do humano, é aprender a costurar extremos dentro de mim.
É frustrante, sim. Porque eu gostaria de fixar-me num lado só. Mas, talvez, a ponte seja o meu destino. Nela, tenho o privilégio de ver os dois lados: a intensidade que me lembra que estou viva, e a paz que me ensina por que vale a pena continuar.
No fim, o “entre” é o lugar onde fé e ciência se encontram: uma chama que não se apaga e um mar que não termina. É ali que eu aprendo que minha alma pode ser fogo, pode ser mar… mas é sobretudo travessia. 🌊🔥
– b. monma
A alma é como a maré, num vai e vem incessante que explode na zona de rebentação, por vezes num areal calmo, outras vezes numa falésia, imponente e intransponível, mas que te permite ver mais longe…
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