Durante muito tempo, a ressaca foi uma medalha.
Sinal de que você viveu, curtiu, sobreviveu à própria intensidade. Era quase uma gíria geracional: “tô acabada, mas foi bom demais”.
Hoje, essa frase soa datada.
A ressaca perdeu o glamour. A nova geração não quer pagar o preço da euforia. O álcool deixou de ser o símbolo da liberdade e virou o vilão da performance — estética, emocional e mental.
Pesquisas da Carnegie Mellon University mostraram que o consumo pesado de álcool entre jovens de 21 a 29 anos caiu significativamente após a pandemia. O mesmo se repete no Brasil: segundo o Datafolha, o número de pessoas que dizem beber “com frequência” caiu mais de 15% nos últimos cinco anos. O movimento sober curious — curioso pela sobriedade — cresceu 35% nas redes entre 2022 e 2024.
Não é moda. É uma mudança de consciência.
Beber até cair já não parece libertador — parece uma entrega sem propósito. E o corpo, que antes aguentava tudo, agora cobra com juros altos: inchaço, sono ruim, ressaca moral, e aquele vazio que chega na segunda-feira.
A ressaca, que um dia foi sinônimo de “aproveitar a vida”, hoje é o oposto: sinal de que você se perdeu de si.
Eu entendi isso na prática. Quando comecei a acordar sem dor de cabeça e sem arrependimento, percebi que o prazer pode ser limpo. Que não é o copo cheio que enche a alma. E que o maior luxo do mundo é acordar com a pele leve, o corpo em paz e a consciência intacta.
Talvez o que tenha morrido não seja a balada, mas a ideia de que precisamos nos destruir para provar que estamos vivos.
– b. monma
Sem dúvida, você está certa. Na verdade o álcool é uma droga depressora. A pessoa não pode curar pela bebida as tristezas, pelo contrário, fica ainda mais deprimida. O melhor mesmo é a espontaneidade e autenticidade de cada uma de nós, sem consumo de substâncias psicoativas.
P.S. Acho que agora, com essa onda de falsificação de bebidas, o pessoal vai deixar de beber!
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Verdade… o álcool foi muito romantizado, quando na verdade só adormece o que a gente precisa sentir.
Bonito ver esse novo tempo onde o prazer vem da presença, não da fuga.
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