Nem todo monstro late.
Alguns chegam com sorriso de manual, perfume de respeito e promessas ensaiadas.
Alguns te mandam bom dia com a mesma boca que mais tarde vai cuspir insultos.
Eles não destroem móveis, destroem você.
E ainda esperam ouvir “desculpa enquanto varre seus próprios cacos do chão.
Ele entra na vida como quem pousa um avião numa pista iluminada: precisão demais, charme demais, autoconfiança demais.
Homens assim não chegam, aterissam.
E sequestram emoções com a mesma frieza com que ajustam um manche no piloto automático.
O sociopata afetivo tem o charme do diabo em dia de gala.
Perfume caro, discurso pronto e um ego que não cabe no corpo.
Ele não ama, ele administra o seu desespero.
Cada lágrima é um troféu.
Cada dúvida, uma medalha.
Ele coleciona o seu colapso como se fosse patrimônio.
Gosta de mulher inteligente… até ela começar a pensar.
De mulher bonita… até perceber que o brilho não vem dele.
Finge querer parceria, mas no fundo quer plateia.
E quando a luz se apaga, corre pra próxima, porque o silêncio revela o vazio que ele arrasta desde sempre.
Homens assim não têm passado, têm esconderijos.
Não têm vínculos, têm plateias itinerantes.
Vivem cercados de mulheres que funcionam como álibis emocionais, sempre garantindo que ninguém veja o que realmente mora atrás daquele sorriso treinado.
O jogo é velho:
ele te faz acreditar que o problema é você.
Que a louca é você.
Que o exagero é seu.
Que ele, pobre coitado, só queria amar, só queria paz, só queria “alguém que o entendesse”.
É o mestre da inversão, o artista do gaslighting, o covarde que se esconde atrás de frases feitas.
Não quer amor.
Quer controle.
Quer te ver se explicando por existir, se desculpando por sentir, se diminuindo pra caber no bolso dele.
Porque poder, pra homens assim, só existe se a mulher ao lado estiver murchando.
E quando você começa a murchar, ele se sente satisfeito.
É o ápice da masculinidade frágil: destruir o brilho que ele nunca teve.
Um homem enrustido, frustrado e covarde, incapaz de olhar no espelho sem precisar de alguém pra refletir o personagem que ele inventou.
Esses homens deviam vir com manual:
“Cuidado: manipula, humilha e culpa. Produto tóxico, inflamável e incapaz de amar.”
Mas ainda tem quem passe pano.
Quem confunda abuso com intensidade.
Quem chame cárcere emocional de romance.
Quem diga “ele é complicado, mas tem um bom coração”.
Não, meu bem.
Ele não tem um bom coração,
ele tem um buraco no peito e usa mulheres pra tentar preenchê-lo.
Homens assim não odeiam mulheres.
Eles odeiam o que nelas existe e que neles foi sufocado:
a sensibilidade, a entrega, o afeto, a coragem de sentir.
Por isso diminuem.
Por isso ferem.
Por isso fogem quando são vistos.
No fim, não há mistério.
Não há “homem difícil”.
Há apenas alguém partido, sem coragem de ser inteiro, tentando parecer profundo enquanto coleciona desastres afetivos.
E você?
Você não perdeu nada.
Você escapou.
A sobrevivência não é prova de amor, é prova de que você renasceu apesar dele.
Então sim, querido, queime lendo isso.
Porque um dia ela vai rir do que você fez.
E quando você olhar para o próprio reflexo, vai perceber:
a única coisa que você realmente conseguiu dominar foi o seu próprio vazio.
— b. monma ✦